quinta-feira, setembro 30, 2004

The Clash - London Calling

Depois de um final de semana bem atrapalhado, aqui estou eu de novo pra conversar com o pessoal que costuma me visitar. Queria agradecer a galera que tem aparecido por aqui em busca de novidades, não só os amigos que encontro por aí, que aparecem no meu messenger, enfim, que fazem parte do meu dia a dia, mas também do pessoal que tem aparecido por aqui por meio do Disconnected, do Whiplash, do meu perfil no Orkut... Sejam bem vindos! A casa é de vocês!

Acabei de chegar do Sesc Pompéia, aqui em São Paulo, onde mais uma vez assisti ao Ludov. Que banda! Grande show! E é muito bom ver esse pessoal crescendo, com cada vez mais público. Muito bom poder levar mais amigos pra conhecer a banda e as músicas, e muito bom poder rever os amigos por lá, mesmo que seja rapidinho. Agora chega da parte pessoal e vamos para a parte musical.

Escrevi o review abaixo em março passado. Se trata de um dos discos que eu considero como um dos maiores álbuns de rock n’roll de todos os tempos. Essa banda fez muita história. Pra quem gostar, o cd pode ser encontrado baratinho por aí.

Links para ver as versões do texto que foram publicadas:
Disconnected

O que eu estou ouvindo: Humble Pie

***

THE CLASH - London Calling
(Epic - nacional)

André Melo


É inegável a influência do Clash ao longo de sua existência e a que ainda ostenta quase 20 anos depois de ter encerrado as atividades. Desde 1976, ano em que apareceu no cenário punk de Londres, pipocam bandas pelo mundo todo querendo se aproximar musicalmente dos caras, não importando se são seus conterrâneos (The Cure, Joy Division, Echo & The Bunnymen) ou surgidos nesta ultima grande onda punk de dez anos atrás (Green Day, Offspring, Rancid). Em terras brasileiras também apareceram seguidores (Ira!, Capital Inicial, Legião Urbana).

A obra-prima de Joe Strummer (guitarra e vocal), Mick Jones (guitarra e vocal), Paul Simonon (baixo) e Topper Headon (bateria) foi London Calling. Lançado originalmente em 1979 como vinil duplo (a versão em CD é simples), mas custando o preço de um simples (o quarteto abriu mão de parte dos seus lucros), o álbum mostra a banda politizada como sempre foi, mas flertando um pouco mais com outros ritmos, trazendo mais informação musical para as já manjadas três notas do punk. Em várias faixas podemos ouvir pianos, órgãos e metais se somando ao som do grupo e contribuindo para os elementos de reggae e de jazz aqui presentes.
Já na capa do disco pode-se perceber a que eles vieram. Trata-se de uma paródia ao álbum de estréia do Elvis Presley, com as palavras "London" e "Calling" dispostas na mesma fonte, cor e posição das palavras "Elvis" e "Presley" do disco do rei, mas com a foto de Simonon prestes a estilhaçar um Fender Precision (seu baixo preferido) no palco de um show em Nova York. Os restos mortais do instrumento podem ser encontrados hoje no museu do Rock & Roll Hall of Fame.
O álbum é aberto com a faixa-título. O hino London Calling clama a presença de garotos e garotas londrinos para uma guerra já declarada pelo movimento punk contra a sociedade local - "London Calling to the faraway towns, now that war is declared, and the battle come down, London Calling to the underworld, Come out the cupboard, all you boys and girls". E a guerra se estende por todo o disco, sejam as letras falando sobre a polícia, como na jazzística Jimmy Jazz; sobre traficantes, na festiva Hateful; ou sobre uma guerra de verdade, como em Spanish Bombs. Aliás, com seu refrão em espanhol, esta é uma das mais empolgantes do disco.
As letras afiadas de Strummer e Jones não perdem uma só oportunidade de criticar o governo e a forma de vida inglesa dos anos 70. A primorosa Lost in the Supermarket, além de mostrar uma banda afinadíssima (riffs bacanas, baixo e bateria no lugar exato, vocais se completando...) discute a febre consumista, Koka Kola fala da cocaína (e do refrigerante) infiltrada nos "corredores do poder"...
O reggae e o ska aparecem de forma marcante. Rudie Can't Fail, The Guns of Brixton e Wrong 'Em Boyo mostram o porquê de hoje ser tão dificil conseguir classificar (comercialmente falando) bandas novas como sendo representantes de ska ou de punk. A penúltima faixa, Revolution Rock, só vem ratificar essa fusão de ritmos. É engraçado ouvir uma música com um título forte como este ser na verdade... Um reggae! E com direito à batida havaiana, naipe de metais, baixo suingado e uma guitarra chorada de dar dó.
Na verdade, a porrada do disco está em Death or Glory. Seria possível título mais punk do que este? E para fechar com toda a classe, a ótima Train in Vain (Stand by Me) , que desde a introdução na bateria (que 15 anos mais tarde foi tomada de empréstimo pelo Garbage para a sua Stupid Girl) até os acordes finais é cativante - "The only thing I can say, Stand by me". Um álbum que ficou para a história, London Calling foi como uma introdução aos anos 80. Ouvindo suas 19 músicas, é difícil não achar alguma coisa que não tenha influenciado quem foi sucesso em qualquer parte do planeta à época, sejam punks, pós-punks ou new wave. E pensar que depois disso o Clash ainda teve lenha para queimar e fez mais alguns discos muito bons.

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